Desenhos das crianças

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A garotada faz a festa com lápis de cor, papel e muita brincadeira!


Os desenhos das crianças de Torrão-Mupí retratam o cenário da complexa vida quilombola-ribeirinha. Podemos visualizar nos desenhos a presença dos rios e barcos, que são o meio de transporte utilizado e a presença de casas palafitas à beira dos rios, que são suas moradias. Também percebemos flores, árvores e animais, que representam fauna e flora típicos da região.
As crianças são bastante sensíveis ao meio ambiente em que vivem e em todo o tempo exaltam a grandeza de seu ambiente!
Por Caroline Guedes (Pós-vivência Cametá)

3ª Vivência do PROCAMPO em Torrão-Mupí

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Relatório da 3ª Vivência: por Ana Caroline Guedes Souza.

A vivência realizada pela 3ª edição do PROCAMPO, durante 15 dias do mês de janeiro de 2010, na comunidade Torrão-Mupí, trouxe grandes experiências e aprofundamento dos conhecimentos acerca da comunidade, visto que é a minha segunda vivência neste local.
Pude vivenciar a rotina da casa de Dona Ângela (35 anos) e seu esposo Edinei (34 anos), que têm dois filhos, Elisângela e Irinei, de 12 e 8 anos, respectivamente. A mãe trabalha contratada pelo município na escola Francisca Xavier, a única que há na vila, como professora e coordenadora e o pai está desempregado, realizando apenas atividades domésticas.
A família mora na vila, a casa é uma parte de madeira e outra parte de alvenaria, possui 6 cômodos com janelas, arejados, piso de lajota, coberta com telha, o banheiro é dentro de casa e possui fossa séptica, chuveiro e pia, a casa tem energia elétrica, água encanada, a água pra consumo é do poço de um vizinho, pois alegam que a água é mais limpa, a base alimentar é o açaí com farinha e carnes, incluindo peixes e mariscos, no café da manhã se alimentam de beiju (massa feita de farinha de mandioca, que substitui o pão, bastante consumido entre os ribeirinhos) ou pão caseiro, o meio de transporte utilizado é uma moto e utilizam diversos aparelhos eletrodomésticos.
São todos alfabetizados, sendo que os filhos estão na 8ª e 2ª série. Dona Ângela é graduada em pedagogia. Quanto à saúde, não possuem doença referida na família e nem nos parentes próximos. A diversão da família é se reunir para assistir a televisão, ouvir música, cantar no karaokê, ou conversar em frente à casa a noitinha com os vizinhos. Têm bom relacionamento com a comunidade, participando dos eventos culturais e festividades. São católicos praticantes. Criam somente um animal doméstico (cachorro). A família não tem terras para produção, mas compram os alimentos de outras famílias que produzem.
Ao ser questionada quanto as melhorias que deveriam ser realizadas na comunidade, dona Ângela diz que a saúde precisa melhorar, pois o posto de saúde carece de recursos e mão de obra especializada, e quanto a educação, a escola precisa de mais recursos para se investir em infra-estrutura. Também são necessários melhoria das estradas com realização de asfaltamento, pois no período de chuvas a mesma fica intrafegável, investir no lazer através da construção de uma quadra poliesportiva e inclusão digital pelo acesso à internet para todos os alunos da escola.
A vivência possibilitou conhecer também o dia-a-dia de outras famílias, além de que pude observar o comportamento das crianças, que são bastante carentes de recursos, mas principalmente de carinho e atenção. Realizei junto às crianças atividades de desenho e participei das diversas brincadeiras que fazem parte de seu cotidiano. Pude observar que a dinâmica floresta-rio se faz presente em grande parte das brincadeiras, retratando assim o meio ambiente em que vivem. As famílias são no geral bem numerosas. Na casa onde fiz a vivência observei que o número de filhos é pequeno, pois a família fez um planejamento familiar.
O calor humano é intenso na vila Torrão-Mupí e o povo bastante acolhedor, que se preocupa em agradar os visitantes procampistas. São muitas as festividades que ocorrem em Mupí e ao mesmo tempo a religiosidade é marcante. A economia local é baseada na produção de farinha, e na colheita do açaí e outros frutos como o bacuri, o cupuaçu e a castanha para a própria subsistência, ou venda de excedentes.
A vivência, portanto, é um momento em que se pode enxergar uma nova realidade e a partir de então utilizar-se de ferramentas que possam intervir nesta realidade, promovendo assim diversas melhorias que supram as necessidades deste povo.