Identidade (perda) cultural

0 comentários


Quando fala-se em populações tradicionais, é necessário que se explique o conceito de tradicional para tais populações. O conceito de tradicional não está ligado exclusivamente ao passado ao atrasado, como muitas vezes se pensa, e sim a historicidade do lugar, todavia se adaptando e se inteirando com a realidade atual.

Nesse contexto existe a preocupação que essas tradições, traduzidas em cultura, se percam pelo caminho, ou sejam adulteradas por culturas globalistas. Outra preocupação dessas populações seria a constante migração de seus jovens para as grandes metrópoles mais próximas, desse modo pondo em dúvida a permanência da comunidade. No entanto é necessário que se pese e se perceba qual o nível de contaminação que as relações anteriormente citadas assumem perante tais comunidades, em que pontos elas realmente corrompem e destroem a cultura local ou se apenas as modificam adaptando-as.

FOTOS- PALESTRAS E ATIVIDADES

0 comentários







ESTAS FOTOS FORAM TIRADAS NO DIA EM QUE FORAM REALIZADAS AS PALESTRAS SOBRE OS TEMAS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA E PLANEJAMENTO FAMILIAR, VOLTADOS PARA O PÚBLICO JOVEM. ENQUANTO ISSO AS CRIANÇAS SE DIVERTIAM EM OUTRO LOCAL COM BRINCADEIRAS E DINÂMICAS.

APRESENTAÇÃO DOS PROJETOS

0 comentários


APRESENTAÇÃO DOS PROJETOS:

A equipe de Pós vivência de Cametá está atualmente com .... projetos de extensão, sendo que alguns já estão em andamento, outros aguardam resposta, e outros estão em fase de planejamento e estruturação.

1- SAÚDE (Aguardando resposta de órgãos competentes):
Pretende-se com essa iniciativa facilitar às famílias das comunidades visitadas pelo PROCAMPO o acesso à consultas médicas e ao atendimento à saúde bucal, ocular e saúde da mulher, bem como promover orientações profiláticas para as mesmas. Serão ministradas palestras e documentários sobre temas da área da saúde.

2- HORTA (Aguardando resposta de órgãos competentes):
A construção da Horta Agroecológica visa a criação de um espaço de convivência comunitária. A escola, nesse contexto, aparece não somente como uma referência de educação camponesa, (com perspectivas de educação ambiental), mas também como um espaço de livre acesso à toda comunidade. A horta oferecerá ainda reflexões sobre melhores alternativas alimentares, trabalhando a educação alimentar não somente das crianças, mas também de seus cuidadores, proporcionando uma educação que inclua o aprendizado sobre o cultivo de diferentes verduras e cuidados com higiene e, por conseguinte, com a saúde.

3- BIBLIOTECA (em andamento):
O “Projeto Novo Olhar - Biblioteca Ribeirinha” é uma iniciativa nascida da necessidade de incentivar a leitura, principalmente para as crianças, de pessoas que moram na comunidade de Pacajá e seus arredores. A implantação de uma biblioteca comunitária será realizada em parceria entre a comunidade e o PROCAMPO. As comunidades ribeirinhas estão entre esses grupos que carecem de atenção e precisam resgatar sua cultura que está um tanto perdida. A obtenção de conhecimento ajuda as lideranças locais a lutarem por melhorias em diversos setores como educação, saúde e melhorias de infra-estrutura relacionadas a saneamento e meio ambiente.
Neste contexto, surgiu a idéia de montar uma biblioteca que oferecesse a esses alunos uma variedade de livros didáticos e textos, como literatura infanto-juvenil, revistas, gibis, etc, juntamente com um projeto de atividades ligadas à leitura. Acreditamos que esse material ajudará a fazer da leitura um ato prazeroso e contínuo, além de contribuir para o desenvolvimento das crianças nas atividades escolares.
A idéia consiste em reunir livros didáticos e de literatura oriundos de doadores. Os livros serão encapados e organizados por áreas do conhecimento, separados por série, e posteriormente catalogados numa simples ficha contendo o nome, autor, gênero, e o que mais for necessário para um controle dos livros. Haverá um sistema de empréstimo a ser elaborado pela própria escola.
Organizaremos os livros em prateleiras e faremos decoração do espaço para que fique atrativo. Para inaugurar a biblioteca faremos um dia de atividades culturais com brincadeiras, jogos e músicas que estimulem a leitura através da ludicidade.
As atividades de brincadeiras com premiações serão: jogo da memória, gincana de leitura, colagens, mural com as colagens, brincadeiras de roda, leitura de historinhas infantis com reflexões, entre outras. Os jogos serão: dominó, dama, e outros jogos de tabuleiro. As músicas serão regionais com danças típicas.

4- CINEMA (em andamento no Pacajá):
O objetivo do projeto Cinema das Águas é Levar a magia do cinema a estas comunidades, como forma de conhecimento e entretenimento, despertando curiosidades e criatividade.
As Comunidades tradicionais, incluindo as ribeirinhas, têm dificuldade ou nenhum acesso a produções cinematográficas, pois muitas não têm energia elétrica em casa, ou quando tem energia não possuem televisão, e a maioria nunca teve oportunidade de conhecer uma sala de cinema, devido à grande dificuldade de acesso para chegar à cidade e à baixa renda que impede a compra de ingressos para assistir as sessões de cinema.
Ao final da sessão infantil faremos atividade lúdica com as crianças para que elas desenhem sobre o que assistiram.

5- CICLO DE PALESTRAS EM SAÚDE - PALESTRAS DST’S, GRAVIDEZ E PLANEJAMENTO:
Palestras sobre estes temas voltadas para o público jovem, com demonstrações práticas em próteses de borracha de como se usar corretamente a camisinha, distribuição de folders e de preservativos.

6- ESCOLA ABERTA: (EM ANDAMENTO):
O projeto visa proporcionar aos alunos da educação básica da escola pública de Torrão-Mupí e à sua comunidade espaços alternativos nos finais de semana para o desenvolvimento de atividades de cultura, esporte, lazer, geração de renda, formação para a cidadania e ações complementares às de educação formal.

7- CULINÁRIA - REAPROVEITAMENTO DE ALIMENTOS:
Oficinas práticas para mulheres aprenderem a reaproveitar alimentos como cascas de frutas e legumes, sementes e etc, evitando assim o desperdício além de proporcionar economia nos gastos com alimentação e melhoria da qualidade alimentar destas famílias.

8- OFICINAS de artesanato - MULHERES PARTICIPATIVAS NA RENDA FAMILIAR (CROCHE, BORDADO, COSTURA, pintura em tecido ETC):
Oficinas sobre diversos tipos de artesanato, que trarão diversos benefícios como fonte de renda alternativa, ocupação do tempo livre e consequentemente união da comunidade em cooperativas de trabalho.

9-LIXO EM COMUNIDADES RIBEIRINHAS - ALTERNATIVAS DE SUSTENTABILIDADE -
(Palestras MEIO AMBIENTE, O LIXO COMO FONTE DE RENDA ALTERNATIVA OFICINAS):
Reciclagem de papel, garrafa pet e fabricação de brinquedos artesanais. Em meio a intensa degradação ambiental em que vivemos atualmente, percebe-se que muitas pessoas destinam seus resíduos domésticos, o lixo, de maneira inadequada, jogando pelas ruas, dentro dos rios, etc.
Partindo da idéia de que o lixo pode e deve ser reciclado, e que este pode ser transformado em fonte de renda, elaboramos palestras para incntivar a preservação ambiental e ensinando sobre o acondicionamento adequado do lixo, bem como oficinas para ensinar a população a reciclar o seu lixo.

10- ALCOOL E DROGAS NA JUVENTUDE: SOLUÇÃO ATRAVÉS DO ESPORTE – PALESTRAS e OFICINA.
Proporcionar aos jovens a chance de aprender e praticar esportes diferenciados, ocupando assim seu tempo livre, esperando-se que ocorra uma redução no índice de criminalidade e de vícios. Haverá palestras e filmes sobre álcool e drogas.

11- PROJETO VELHO É O MUNDO – PROGRAMAÇÃO PARA A 3ª IDADE.
Proporcionar atividades aos idosos como danças, jogos, dinâmicas e palestras e ao final avaliar as melhorias que o projeto proporcionou aos participantes, investigando acerca da qualidade de vida dos mesmos.

12 - Projeto de Música para os Jovens:
Construção de instrumentos musicais reciclados e oficinas para ensinar os jovens a tocar os instrumentos de percussão. Uma das exigências do projeto é que os alunos tenham boas notas na escola. O objetivo é incentivar o exercício da cultura através de atividade prática e incentivar os jovens a estudarem.



ERVAS MEDICINAIS

4 comentários


O curandeirismo é muito forte em Cametá e sua população nativa utiliza o grande conhecimento sobre as erva medicinais típicas da região. O Campo de Natureza, localizado próximo ao Jaçapetuba, é uma ilha geográfica que permanece alagada durante o período de chuvas. Quando chega a estiagem é que surgem as espécies de plantas mais diversificadas. Aproveita-se tudo: sementes, óleos, cascas, caules, raízes, folhas e até a seiva (chamada de leite). Os amazônidas utilizam para curar todo tipo de doença; esse conhecimento da medicina popular é bastante utilizado pelo povo, sendo repassado de geração em geração que vê a floresta como um manancial de recursos naturais para confecção de remédios caseiros, em forma de chás, pomadas, sumos de plantas, gorduras animais, cauda de cobra, chifre e ossos, fazendo assim sua “farmácia viva”. Pra tudo tem um remédio, as fórmulas terapêuticas são variadas.

Abaixo a lista das mais populares:

AÇOITA CAVALO – auxilia na má circulação do sangue, colesterol, pressão alta, glicerídio, artrite, artrose, reumatismo, diarréia, hemorragia e tumores.
ALECRIM – febres, dispepsia, debilidade cardíaca, histerismo e nervosismo
AROEIRA – atonia muscular, distenção dos tendões, artrite, cicatrizante, erisipela e anti-
ARRUDA – para rouquidão. Mascar folhas com sal umas 3 vezes ao dia;
Antiinflamatório;
BARBATIMÃO – poderoso adstrigente, cicatrizante, blenorragia, diarréia, higiene intima feminina, leucorréia (corrimento)
CARQUEJA – anemia, anginas, azia, distúrbios estomacais, intestinais e hepáticos, gastrite, gota, rins, tônico vermes intestinais, afeccções urinárias;
CEDRO – feridas, úlceras, orquites, hérnia, inchação dos testículos;
COPAÍBA (casca) – conhecida como antibiótico da mata; serve para inflamações em geral ,sífiles, bronquite, cistite, tosse, urticária e cicatrizante
ERVA CAVALHINHA – afecções urinárias, bexiga, diurético, menstruação excessivas, hemorragias internas, inflamações nos olhos, próstata;
ERVA DE SÃO JOÃO – indicado para artrite, artrose, asma, bronquite, catarro, cólicas menstruais, diarréias, febre, gripe e resfriado;
ESPINHEIRA SANTA – Auxilia no tratamento da gastrite, gases intestinais, hiperacidez, ulceração do estômago, analgésico, cicatrizante, anti-sépticas;
EUCALIPTO – afecções das vias urinárias, febre, coqueluche, feridas, diabetes, gripes e sinusite;
FLOR DA CATINGUEIRA – infecções do ovário, corrimento, bronquite;
FOLHA DE PIRARUCU – usado no tratamento de asma e tose. Murchar a folha no calor do fogo, espremer e bater o liquido com mel de abelha;
JUCÁ – para tratamento das pneumonias, anemia, diarréia, colites e baques.
LEITE DE PÃO – usado no tratamento de sapinho; colocar uns quatro pingos em uma colher para curar a criança;
QUEBRA-PEDRA - indicada para afecções das vias renais e urinárias, bexiga, cistite, diurético, hidropisia, indisposições hepáticas;
ROMÃ – é um adstrigente, afecções da pele, faringite, gengivite, inflamações internas como: amigdalite, garganta e laringite;
SABUGUEIRO – usado nas febres, resfriado, diarréia, anginas da garganta, hemorróida, retenção da urina e sarampo
SUCUBA – serve para úlceras, gastrite, hemorragia, vermes intestinais como ameba;
Sucupira – serve para inflamação na grganta, reumatismo crônico, sífilis e amenorréia;
UNHA-DE-GATO – é um anti-inflamatório, anti-oxidante, artrite, artrose, câncer, pneumonia e trombose(prevenção)
VERÔNICA – ótimo cicatrizante, lavar feridas, velhas, asseio vaginal, icterícia, anemia, gota, cálculos da bexiga, diarréia e hemorragia.
Vinagreira branca – serve para dor nos rins.
IPÊ ROXO – Casca. Usado para combater diabetes leucemia, câncer anemia, arteriosclerose
JATOBÁ – Casca é usada para o tratamento de gripe, infecções da bexiga, diarréia, vermes e câncer de próstata.
ÓLEO DE PUPUNHA – serve para dor de ouvido.

Cozinha Amazônica

0 comentários


Quando você vir ao norte não pode deixar de saborear nossas iguarias: maniçoba, pato no tucupi, tacacá, peixe assado, frito ou cozido. Deu água na boca, então venha para cá !!!!!

A cozinha amazônica é riquíssima. São pratos coloridos, exóticos e deliciosos.
Reúne pratos de tradições indígenas, européias, africanas e também influência nordestina. A base alimentar das familias quilombolas-ribeirinhas de Cametá é o açaí ou a bacaba, misturado com a farinha, acompanhado do peixe principalmente o mapará.


MANIÇOBA – É um prato de origem indígena, típico da culinária amazônica muito utilizada principalmente em épocas de grandes festas, como o Círio de Nazaré. Mas também pode ser saboreada nas praças de alimentação, feiras livres ou festas sociais.
A receita especial de maniçoba consta de maniva (folha extraída da mandioca) moída que deve ser fervida durante sete dias ou mais. O motivo de ficar tanto tempo no cozimento é porque a maniva possuí a capacidade de liberar o ácido cianídrico (que é venenoso) se ingerido in natura pode levar à morte por intoxicação. Ela é temperada com quase todos os ingredientes da feijoada.

PATO NO TUCUPI – prato bastante típico do nortista, feito com tucupi, caldo extraído da mandioca, de cor amarelada. Quer saber como se faz? É simples: tempere o pato com todos os temperos: sal, alho, pimenta, cheiro verde, vinagre, vinho de urucum...(de preferência deixe nesses temperos de um dia para o outro), leve ao forno para assar bem. Depois é só cortá-lo em pedaços. Após essa etapa, coloca-se numa panela para ferver os pedaços de pato junto com o tucupi. Depois é acrescentado folhas de jambú (folha nativa) que é cozida até os talos ficarem moles. Pode ser acompanhado de arroz branco, farinha e pimenta-de-cheiro a gosto. É UMA DELÍCIA!!!

CARANGUEJO - pode ser feito desfiado ou no toc-toc (quebra-se o caranguejo com a ajuda de um martelo de madeira sobre a tábua de cortar), podendo ser comido com feijão, arroz e farinha.

PEIXE FRITO, ASSADO NA BRASA, MOQUEADO (assado na folha da bananeira) pode ser de gó, jatuarana, posta de filhote, gurijuba.... Depois das 11 horas da manhã nas feiras livres amazônicas é hora de feijão, arroz e posta de peixe-frito e acompanhado de açaí, há de todo jeito e espécie, desde o fifite de mapará, tostadinho ao gosto do freguês, às pratiqueiras, postas de pescada, filés de dourada e a mais famosa que é a posta de filhote que serve como tira-gosto. Em toda parte, nas biroscas, botecos, feiras, trapiches e principalmente nas praias, é comida que não se pode deixar de saborear.

Obs: É bom lembrar que as comidas são feitas com vinho de urucum e à disposição de todos, muito limão e muita pimenta de todo tipo: cheirosa, amarela, verde, malaguêta, dedo de moça e outras.
O nortista usa muito a farinha em suas refeições. É complemento que não pode faltar à mesa, igual o açaí.

MAPARÁ NO QUITIM, DE BARRIGA CHEIA coloca-se no bucho do peixe, alfavaca, chicória, cheiro verde, manjericão, e amarra com cipó, levando à brasa para assar.

TUCUNARÉ – peixe de escama de cor dourada, saboroso, pode-se fazer caldeirada ou assado na brasa.

MAIS PEIXES ?
Pajupirá, sarda, cação, peixe-pedra, sioba, bandeirado, jatoxi, pescada amarela, xaréu, serra, curimatã, jacundá, traíra, terçado (arauanã), uritinga, acará, mandubés, pratiqueira, sardinha, matrinchã, caratinga, acari-bodó, bagre, jaraquí, tambaquí... escolha a receita, junte os temperos e mãos a obra...


Obs: São iguarias que podem ser encontradas na feira livre da Cidade e nos restaurantes simples, populares e sofisticados.

TAPIOCA –Conhecida também como “tapioquinha”, é feita de goma (polvilho), uma pequena quantidade de goma é colocada na frigideira quente, que espalhada fica igual a uma panqueca, depois fica a critério do freguês: molhada com leite de coco ralado, tapioca na manteiga, com côco ralado, tapioca solteira, casada, no leite moça, fina, grossa... pronta para tomar com café.

Obs: da tapioca se faz a goma do tacacá, a farinha, o beijú, a palma de pão, a tapioca, o mingau de tapioca, a farinha de tapioca, seca, farinha d’água.

E do que se faz a tapioca?
Retira-se ralando a mandioca e espremendo no tipiti para tirar o suco e desse suco separa-se a borra que vira tapioca e a água que vira tucupi que é ingrediente para o tacacá, o cozido, a pimenta, o jambu e carne de caça e peixe tamuatá e outros.

CHIBÉ - Para o caboclo que está no meio da mata, à beira dum igarapé, não haverá prato mais gostoso e simples de fazer que o CHIBÉ, denominado de alimento dos pobres; não falta em nenhum casebre. Cada um faz o seu quando não tem peixe ou carne, pão ou fruta, nem mesmo o açaí. É só juntar água no prato com farinha de mandioca e se tiver açúcar, melhor ainda para espantar a fome. Há também quem acompanhe o chibé com peixe frito, carne assada, pirarucu ou qualquer outro alimento salgado.

TACACÁ - da comida do caboclo amazônico podemos citar o TACACÁ, um tipo de sopa preparada feito de goma de mandioca, tucupi bem amarelinho (fervido com alfavaca, chicória e alho), sal, pimenta de cheiro bem amarelinha, folhas de jambú cozidas e camarão seco. Essa famosa iguaria é bebida na cuia e servida bem quente.

F R U T AS

VINHOS AMAZÔNICOS – PROVE E COMPROVE

Os vinhos amazônicos, são:
Vinho de açaí - nas modalidades branco, preto e parau – fino, grosso ou papa ou chororó.
vinho de tucumã
Vinho de miriti
Vinho de cupuaçu
Vinho de taperebá
vinho de muruci
vinho de cacau ou capilé
vinho de bacuri
vinho de bacaba
vinho de limão azedo
vinho de jaca
vinho de laranja da terra
vinho de graviola
Vinho de uxi


São feitos de frutas colhidas na floresta e comercializadas nas feiras.
Vinho, na verdade, é como o nortista chama o que se poderia chamar de suco e pode ser tomado com farinha. Detalhe: aqui quase tudo é comido com farinha.

FRUTAS

AÇAÍ – Palmeira nativa da Amazônia. Esta sem dúvida, desempenha uma grande importância econômica, social e cultural para o povo da Amazônia. É encontrado principalmente ao longo dos rios, igarapés e áreas úmidas. Fruto de cor arroxeado, do qual se extrai o tão apreciado vinho ou suco de açaí. Da fruta do açaizeiro se extrai, amassado na mão ou batido nas máquinas. Costuma-se a “comer” com peixe assado ou frito, charque, pirarucu, camarão. Diz-se “comer”, porque mistura-se farinha de mandioca ou de tapioca, fina ou grossa, para fazer uma espécie de pirão de açaí para saborear com o que tiver. Em muitos lugares, tira-se na hora, da árvore e se amassa, tem que ser servido novo, espumando, na cuia, mas pode-se tomar gelado, com ou sem açúcar ou adoçante, com ou sem farinha. Tem gente que gosta azedo, que faz mingau ou congela para os períodos da entressafra.
Há também o açaí do tipo branco.
O açaí é um alimento energético, rico em fibras, proteínas e nutrientes, como o potássio, vitaminas E e B e cálcio; possui valor energético duas vezes superior ao leite; suas fibras aceleram o transito intestinal, portanto um alimento bastante completo.
Alem de servir como fruto, pode-se fazer geléia, mingau e corante; pode ser usado como adubo e, quando seco, para usar como colar; do tronco faz-se construções rurais como ripas e caibros; da palha pose-se fazer chapéu, tapete, abanador e cestos e outros.

Obs: Depois que se bebe o açaí, dá uma morrinha, uma moleza no corpo e é então a hora da sesta. Para quem não deseja ter a morrinha e não quer dormir, aconselha-se botar água na tigela do açaí à modo de lavar a vasilha e beber essa água. É um santo remédio para continuar em atividade.

A fruta é tão querida que é fonte de inspiração de músicas e poesias, dentre várias tem uma música, escrita por um compositor e cantor parasense, Nilson Chaves que revela essa majestosa palmeira amazônica.

Sabor Açaí

E pra que tu foi plantado
E pra que tu foi plantada
Pra invadir a nossa mesa
E abastar a nossa casa

Teu destino foi traçado
Pelas mãos da mãe do mato
Mãos prendadas de uma deusa
Mãos de toque abençoado

És a planta que alimenta
A paixão do nosso povo
Macho fêmea das touceiras
Onde Oxossi faz seu posto

A mais magra das palmeiras
Mas mulher do sangue grosso
E homem do sangue vasto
Tu te entrega até o caroço

E a tua fruta vai rolando
Para os nossos alguidares
E te entrega ao sacrifício
Fruta santa fruta mártir

Tens o dom de seres muito
Onde muitos não têm nada
Uns te chamam de açaizeiro
Outros te chamam juçara

Põe tapioca, põe farinha d'água
Põe açúcar, não põe nada, ou me bebe como um suco
Que eu sou muito mais que um fruto
Sou sabor marajoara
Sou sabor marajoara
Sou sabor...

Nilson Chaves e João Gomes


PUPUNHA – Retire os cachos! Cuidado!!! A árvore é cheia de espinhos, ponha água na panela, ponha sal e depois coloque as pupunhas, deixe ferver e veja se amoleceram. Deixe esfriar, retire a casca e coma com café, ponha mel ou leite moça dentro. Fruta bastante vendida nas ruas por ambulantes. Contém proteínas, carboidratos, cálcio, ferro, fósforo e vitamina A.

BACURI – fruta de cor amarela dourada, às vezes bastante ácida, dessa fruta pode-se fazer: suco, creme, doce, sorvete, geléia, iogurte e muito mais. Quem prova, não esquece o sabor!

CASTANHA DO PARÁ – fruto da castanheira, denominado de ouriço que constituí-se em uma resistente cápsula, abrigando em seu interior um número variado de sementes, denominadas castanhas. Fruta tão valiosa como comida; rica em proteína e calorias, considerada por muitos como carne vegetal. Fruta que tem mais ou menos a metade da proteína de um bife e 2 vezes mais calorias. Sua casca é bastante resistente. Da castanha pode-se fazer leite, sorvete e doce; do ouriço faz-se artesanato, carvão e remédio (hepatite, anemia e problemas intestinais).

UXI – fruta que apresenta polpa gordurosa. Pode ser consumida in natura (pronto consumo). Da fruta pode-se fazer sorvete, suco, licores, doces e óleo; da semente faz-se artesanato.

BACABA – é uma palmeira da Amazônia. Os frutos são pequenos e arredondados. Da fruta produz-se um vinho forte com o mesmo processo do açaí. Do fruto extrai-se o óleo utilizado para comida.

TUCUMÃ – Palmeira que produz cachos numerosos, o fruto tem cor alaranjada e polpa grudenta e fibrosa. Excelente fonte de vitamina A e energia; do caroço pode-se fazer pulseiras, colares, petecas e anéis.

CUPUAÇÚ – é uma das frutas mais populares da Amazônia. A polpa é utilizada no preparo de sorvetes, doces, mousses, bombons, geléias, sucos, iogurtes e biscoitos. As sementes, depois de secas, são utilizada n fabricação de chocolates brancos.

ENCANTADOS DA AMAZÔNIA

0 comentários



ENCANTADOS DA AMAZÔNIA

“As lendas e os mitos, assim como as histórias de visagens, assombrações e encantamentos da Amazônia, apresentam uma temática verdadeiramente incrível, capaz de impressionar os mais profundos conhecedores do assunto”.
(Walcyr Monteiro)

Os mitos e lendas constituem-se em uma das temáticas mais ricas e fascinantes da Cultura Amazônica, são histórias fantásticas do imaginário caboclo, objetos de crença geralmente localizados e individualizados com personagens reais ou assim considerados.
Essas narrativas resultam da relação do Homem Amazônico com a exuberante natureza que o cerca. A floresta e os rios formam o cenário onde habitam os principais personagens dessa relação, que por muito tempo foi harmônica, até que surgiram os primeiros predadores da Natureza, o homem europeu. Esses chegaram na Amazônia e impuseram sua cultura de forma violenta aos povos da floresta que, refutaram em aceitar, mas com o passar do tempo tornou-se inevitável que a cultura ocidental fosse, cada vez mais, sendo absorvida pela população local que desde então, vem sofrendo mudanças no seu modo de vida, mas ainda permanece no imaginário amazônico, principalmente dos povos do interior, a crença nos encantados da Amazônia. Neste sentido, o escritor Paes Loureiro afirma que os rios “...escondem embarcações encantadas na manga de sua casaca de lendas, devora cidades, alimenta populações, guarda em suas profundezas ricas encantarias habitadas pelos Botos, Uiaras, Anhangás, Boiúnas, Cobra Honorato”. Já as florestas citada por Walcyr Monteiro são “... povoadas por entidades que moram na mata”, duendes como Curupira que protegem animais e também os homens.
As lendas e os Mitos contados pelos caboclos amazônicos são transmitidos de forma oral, principalmente pelos mais velhos, são Histórias sobrenaturais povoadas pela crença nas almas visagens ou bicho-visagentos, assombrações onde o caboclo busca desvendar os mistérios de seu mundo recorrendo aos mitos que revela, interpreta e cria sua realidade. No município de Cametá não é diferente, existem muitas lendas e mitos que permeiam o imaginário da população local assim como a lenda do Boto, da matinta- Perera, da Cobra Grande, de visagens e muitas outras estórias fantásticas de assombrações.
O professor Gerson Tavares Pinheiro, diretor da escola da comunidade do Mupí, afirma que: “... na frente da cidade de Cametá, durante a guerra dos cabanos, os guerreiros faziam trincheiras para se defenderem dos ataques dos inimigos, mas quando terminou a guerra e a cidade começou a crescer, os primeiros moradores foram aterrando os buracos com caroços de açaí, com a casca do ouriço de castanha e com o que mais eles tinham, tanto é, que a primeira rua de Cametá não existe mais, a rua da frente da cidade que é a São João Batista já é a terceira rua, quando caem os pedaços de terra no local é comum encontrar caroços de açaí e outros objetos boiando mas, as pessoas tem aquilo como um mito, vê a frente da cidade destruída e dizem que é um tatu bola que tem lá, que quando ele se mexe a terra vai caindo, outros que dizem que é uma cobra grande, uma tartaruga, ou mesmo um padre que foi excomungado e jogou o chinelo no rio e disse que assim como o chinelo dele ia afundando a cidade de Cametá também iria afundar”.

“As lendas são a poesia do povo; elas correm de tribo em tribo, de lar em lar, como a história doméstica das idéias e dos fatos; como o pão bento da instrução familiar... mas o povo crê, e não convém destruir as fábulas do povo...Este cultivo dos mitos, não é, talvez, o guardar laborioso das verdades eternas?”
(Machado de Assis)

UM BREVE HISTÓRICO

0 comentários


UM BREVE HISTÓRICO:
Cametá é uma cidade do Estado do Pará, com população estimada em 106 814 habitantes (2006), área de 3122,899 km² e possui uma rica história, cheia de mitos e lendas acerca do povo nativo e que são pouco conhecidas fora do município e até mesmo pelos próprios cametaenses. A cultura local ainda é bastante preservada, embora atualmente esteja sofrendo perda da identidade cultural, por conta do exôdo rural que é comum nesta região por vários fatores políticos-sociais e outros agravantes.
Cametá foi fundada em 1620, pelo Frade Capuchinho Cristóvão José, à margem esquerda do rio Tocantins onde habitavam os índios Camutás. A cidade guarda em si numerosos episódios históricos da política do Pará, com a ênfase na cabanagem. A designação de "Terra dos Notáveis" deve-se ao desempenho de alguns filhos ilustres, no Pará e em todo o Brasil, homens que se destacaram na política, na religião e no social. O que explica, em parte, o orgulho que o cametaense sente de sua terra.
A denominação Cametá, que em Tupi quer dizer "degrau do mato", relaciona-se ao fato dos Índios Camutás, construírem nos troncos das árvores casas para espera de caça, conhecida também como “Caa-muta”, que em linguagem nativa, significa armação elevada de copa de árvore, pois “Caa” é explicado como Mato, floresta ou bosque e “Muta” como degrau, armação ou elevação.
Logo depois da fundação da cidade de Belém, os colonizadores foram atraídos pelas riquezas da região do Rio Tocantins. Apesar das lutas entre portugueses, franceses e holandeses, empenhados na conquista da Calha Amazônica, os portugueses utilizando-se da cruz e da espada fixaram-se à margem esquerda do Rio Tocantins por primeiro.
Em 1617, Frei Cristóvão de São José, religioso dos Padres Capuchos da Ordem de Santo Antônio, sobe o Rio Tocantins, desembarcando “numa margem de terra à esquerda do Rio”. É o início da civilização Cristã entre os índios Camutás. Agindo com persistência e paciência, atrai a tribo para próximo da ermida que havia construído, começa então a ser habitada as terras que Frei Cristóvão havia desbravado. Assentando os alicerces de futuras capitanias o Capitão-Mor Feliciano Coelho de Carvalho, no ano de 1632, organiza uma expedição para combater os estrangeiros que invadiam a região. Dois anos depois, em 1634, o Governador da Província, criou a Capitania de Cametá em favor de Feliciano. O povoado é elevado à categoria de Vila, com o nome de Vila Viçosa de Santa Cruz de Cametá, em 1635, tendo como Santo Padroeiro São João Batista. Em 21 de Outubro de 1848, Cametá obteve o status de cidade.
Em Cametá, por volta de 1750, dentro da vila de sítios da redondeza, somavam-se 129 proprietários agrícolas, cujo pessoal trabalhava especialmente na lavoura da cana, cacau e nos roçados de espécies alimentícias. A atividade escrava era intensa, e durou de 3 a 4 séculos. Neste período as formas de torturas eram diversas e depois de mortos os escravos eram jogados no sumidouro, um enorme buraco, que servia de cova.
Atualmente, Cametá possui inúmeros atrativos naturais, como praias de água doce, balneários e dezenas de ilhas. No entanto, a referência é cada vez maior para o animado carnaval de blocos e festas juninas. Merece destaque a cultura rica em diversidades com sabores da culinária regional, o ritmo empolgante das danças, os mitos e crendices da população, e muitos outros aspectos que serão melhor abordados no decorrer das postagens.

Apresentando...

0 comentários


OBJETIVO DO BLOG

Este Blog surgiu a partir da idéia de divulgar diversos aspectos sobre a cidade de Cametá e várias comunidades quilombolas-ribeirinhas que habitam esta região, para resgatar a identidade cultural destes povos que passa atualmente por um processo de perda gradativa.
Queremos também divulgar o trabalho que está sendo desenvolvido pela Equipe de Pós-vivência do PROCAMPO, nas comunidades de Torrão-Mupí e Pacajá.

APRESENTAÇÃO DA EQUIPE
* Ana Caroline Guedes Souza (Enfermagem – UEPA);
* Bianca Caterine Piedade Pinho (Estudante de Geografia – UFPA);
* Gesiane Oliveira da Trindade (Estudante de Geografia – UFPA);
* Vanessa Tavares da Mota (Estudante de Enfermagem – UFPA);
* Viviane do Socorro da Silva Bastos (Estudante de Geografia – UFPA).

Degrau do mato:
A designação cametá se deve aos índios Camutá, membros da tribo Tupinambá, que moravam na foz do rio Tocantins. Na língua Tupi significa “degrau do mato” (‘Caá’= mato, floresta, e ‘Mutá’= degrau, armação). Os indígenas que habitavam o local tinham a característica peculiar de morar no alto das árvores.

“Pelas mãos de mãe do mato”
Quem é “Mãe do Mato”?
Este Ser Encantado é encontrado em toda a Amazônia.
Aqueles que têm o “dom” de ver a encontram andando a esmo pelos roçados ou florestas devastadas pelo fogo botado pelos caboclos. Quando a queima é proposital, a Mãe do Mato em geral castiga de algum modo o autor, mas, se for para fazer um roçado ela perdoa, mas fica triste pelas árvores mortas.
A Mãe do Mato é vista como uma mulher bonita, loura ou morena, em geral é morena, com os cabelos longos e aparece sentada ou andando pelos roçados ou aceiros da capoeira, sua saia longa e encarnada, com sua blusa de mangas longas chama a atenção pela alvura do tecido.
(Adaptado de Arerê Bezerra, Amazônia lendas e mitos).